Grau de proteção IP: escolha certa para equipamentos externos
Proteção contra água, poeira e umidade para mais segurança e confiabilidade
Entendendo o grau de proteção IP e seus diferentes tipos
Quando falamos de equipamentos instalados ao tempo — atuadores elétricos em válvulas de esfera, painéis de comando em áreas abertas, skids de gás expostos à chuva e névoa salina — o grau de proteção IP deixa de ser apenas um código na plaqueta e passa a ser um parâmetro crítico de engenharia. Em linhas gerais, ele indica o quanto o invólucro do produto é capaz de impedir a entrada de poeira, objetos sólidos e água, conforme a norma IEC 60529. Dessa forma, especificar o IP correto significa aumentar a vida útil dos ativos, reduzir falhas em campo e, consequentemente, garantir continuidade operacional.
O código é sempre representado como “IPXY”. A letra IP vem de Ingress Protection (ou International Protection), enquanto o primeiro dígito (X) indica a proteção contra corpos sólidos e poeira, variando de 0 a 6. O segundo dígito (Y) indica a proteção contra água e outros líquidos, indo de 0 a 9 (ou 9K, em aplicações especiais de lavagem de alta pressão). Assim, um equipamento IP20 quase não resiste a água e poeira, enquanto IP66, IP67 e IP68 já entram na faixa usada em ambientes externos e agressivos.
Na prática, o grau de proteção IP mais comum em instalações industriais externas gira entre IP54 e IP66 para painéis, e IP65 a IP68 para atuadores elétricos e sensores. Um invólucro IP65 é “à prova de poeira” (6) e suporta jatos de água de baixa pressão (5). Já um IP66 resiste a jatos mais potentes, bastante usado em áreas de lavagem. Para aplicações com risco de alagamento ou submersão temporária, entram em cena IP67 e IP68, que vão além de borrifos e chuva, garantindo proteção inclusive em imersão controlada.
Além disso, é importante entender que o IP não mede apenas “se entra água ou não”. Ele define condições específicas de ensaio: ângulo, vazão, pressão, profundidade e tempo de exposição. Um equipamento IPX7, por exemplo, é ensaiado para suportar imersão em água doce de até 1 metro por 30 minutos, enquanto IPX8 considera imersão contínua em profundidades maiores, especificadas pelo fabricante. Por isso, dois produtos com o mesmo IP de líquidos podem ter comportamentos diferentes em campo se não forem observados os detalhes do ensaio.
No dia a dia da Bongas Brasil, esse entendimento é essencial para auxiliar clientes na especificação de atuadores elétricos, válvulas e instrumentos que ficarão instalados em racks externos, áreas classificadas, regiões costeiras ou mesmo em estações de tratamento de água e esgoto. Assim, a escolha correta do grau de proteção IP se conecta diretamente à automação confiável, ao cumprimento de requisitos ESG e à redução de paradas inesperadas na planta.
Por que IP67 não é igual a IP68 (e quando IP65 ou IP66 já são suficientes)
Quando o assunto chega em IP67 vs IP68, muitas vezes o debate se limita a “IP68 é melhor que IP67”. Tecnicamente, isso não é totalmente verdade. Ambos compartilham o mesmo nível máximo de proteção contra sólidos (6 – totalmente à prova de poeira), porém se diferenciam nos requisitos de imersão em água. Um equipamento IP67 suporta imersão em até 1 metro de água por 30 minutos, enquanto o IP68 indica imersão contínua, acima de 1 metro, com profundidade e tempo definidos pelo fabricante. Dessa forma, o que muda é o cenário de aplicação, não simplesmente “melhor ou pior”.
Em uma estação de regulagem de gás, por exemplo, um atuador elétrico montado acima do nível do piso, sob cobertura parcial, sujeito a chuva e respingos, normalmente não precisa de IP68. Nesses casos, IP65 ou IP66 costumam ser suficientes para resistir a jatos de água durante lavagem e à ação da chuva, desde que a instalação e a vedação de prensa-cabos e tampas sejam bem executadas. Por outro lado, em caixas de passagem que podem ficar parcialmente submersas, poços, galerias ou regiões com histórico de enchentes, o grau de proteção IP passa a exigir IP67 ou IP68 para manter a integridade do equipamento.
Além da presença de água, é fundamental considerar a frequência e o tipo de exposição. Em ambientes onde a lavagem com jatos de alta pressão é rotina, como indústrias de alimentos, químicas e automotivas, IP69K ganha relevância por resistir a jatos de água em alta pressão e alta temperatura, frequentemente usados em processos de higienização. Entretanto, isso não significa que toda instalação a céu aberto precise de IP69K — em sistemas de gás natural, saneamento ou utilidades, muitas vezes IP66 ou IP67 já entregam segurança e custo adequado.
Outro ponto que costuma ser negligenciado é que o grau de proteção IP não cobre tudo. Ele não fala de resistência a UV, névoa salina, agentes químicos ou impactos mecânicos. Para isso, entram outros parâmetros, como materiais do invólucro, tratamento de superfície, norma NEMA correspondente, ensaios de corrosão e até índice IK de impacto. Na prática, isso significa que dois atuadores com IP66 podem ter comportamento muito diferente em uma plataforma offshore: um com corpo em alumínio com pintura especial e outro com acabamento mais simples.
A Bongas Brasil costuma orientar clientes a olhar o IP como uma das camadas de proteção, que se soma a outras decisões de projeto: classe de isolamento térmico do motor, certificação à prova de explosão (Ex) quando exigida, tipo de vedação dos eixos, uso de aquecedores internos contra condensação, telemetria para monitorar temperatura e umidade internas e estratégias de manutenção preventiva. Assim, a decisão deixa de ser apenas “IP67 ou IP68?” e passa a ser “qual pacote de proteção faz sentido para meu cenário real de operação?”.
IP, confiabilidade em campo, telemetria e manutenção preventiva
Do ponto de vista do gestor de operação, o grau de proteção IP impacta diretamente indicadores como MTBF (tempo médio entre falhas), disponibilidade da planta, segurança de processo e até consumo de recursos de manutenção. Um atuador elétrico com IP inadequado instalado em área externa pode acumular umidade dentro do invólucro, oxidar terminais, afetar placas eletrônicas e gerar falhas intermitentes difíceis de diagnosticar. Consequentemente, isso se traduz em abertura manual de válvulas, perda de redundância, desvios de segurança e horas extras de equipe em campo.
Por outro lado, quando o IP é corretamente especificado e combinado com boas práticas de instalação, o cenário muda completamente. Prensa-cabos adequados ao IP do invólucro, tampas devidamente torqueadas, respiros com proteção contra entrada de água, posicionamento do equipamento longe de poças e pontos de acúmulo de água fazem enorme diferença. Assim, a automação fica mais previsível, os alarmes de falha deixam de ser “falsos positivos” e a operação da válvula passa a ser repetível e segura mesmo em dias de chuva intensa ou alta umidade relativa.
Em paralelo, a telemetria vem ganhando espaço como aliada do grau de proteção IP. Sensores internos de temperatura e umidade, monitorados por controladores remotos ou sistemas SCADA, permitem identificar uma vedação comprometida antes que o equipamento falhe de fato. Se um atuador IP67 começa a apresentar umidade interna crescente após eventos de alagamento, a equipe de manutenção pode planejar inspeção, secagem e reaperto de tampas sem esperar que o motor queime ou que o encoder deixe de fornecer posição correta. Dessa forma, a manutenção passa de corretiva para preventiva ou preditiva.
A Bongas Brasil atua precisamente nessa interseção entre IP adequado, instrumentação e telemetria. Ao fornecer atuadores elétricos, válvulas automatizadas, skids de medição e equipamentos de gás com grau de proteção IP correto para cada aplicação, a empresa complementa a oferta com suporte técnico em campo, orientação de instalação e integração com sistemas de monitoramento remoto. Isso permite, por exemplo, cruzar dados de ciclos de manobra, torque, corrente do motor e condições ambientais, ajudando o cliente a antecipar falhas e otimizar estoque de sobressalentes.
No contexto de ESG, essa abordagem integrada traz ganhos adicionais. Ao reduzir falhas em válvulas de bloqueio e controle, minimizam-se vazamentos e emissões fugitivas, melhorando a performance ambiental da planta. Além disso, um grau de proteção IP corretamente especificado significa menos descarte prematuro de atuadores e eletrônicos, pois os equipamentos atingem ou superam sua vida útil de projeto. Em resumo, aumenta-se a eficiência operacional ao mesmo tempo em que se fortalece a segurança de processo e a sustentabilidade do negócio.